
A guerrilha colombiana das Farc entregou neste domingo três policiais e um militar a uma comissão civil, num processo em que também serão libertados dois políticos, entre segunda-feira e quarta-feira. Os reféns libertados são o soldado William Domínguez e os policiais Walter Lozano, Juan Fernando Galicia e Alexis Torres, em poder da guerrilha desde 2007.
Eles foram recebidos na selva do sul da Colômbia por uma comissão que promove uma saída dialogada para o conflito armado, liderada pela senadora da oposição, Piedad Córdoba que, em janeiro e fevereiro de 2008, havia recebido outro grupo de seis reféns. Córdoba e outros tres representantes do grupo “Colombianos pela Paz”, assim como três delegados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), viajaram ao encontro dos reféns num helicóptero brasileiro Cugar com sete tripulantes. "Estão em mãos da Comissão desde as 10 da manhã (15H00 GMT) e no momento voam” para Villavicencio (90 km a sudeste de Bogotá), disse Ricardo Montenegro, porta-voz de Córdoba. O helicóptero havia partido pela manhã da cidade de Florencia (580 km ao sul de Bogotá) em direção a um local não divulgado do departamento de Caquetá. O clima chuvoso na região atrasou a operação.
Os policiais foram capturados no dia 9 de junho de 2007 numa estrada de Caquetá quando investigavam um seqüestro; já o militar - o soldado - foi pego no dia 20 de janeiro de 2007 em combate nessa região. O cronograma da guerrilha prevê, também, a libertação nesta segunda-feira do ex-governador Alan Jara e, na quarta, do ex-parlamentar Sigifredo López. Jara, sequestrado em 15 de junho de 2001, será levado a Villavicencio, e López, capturado em 11 de abril de 2002, será trasladado a Cali (sudoeste), segundo o plano divulgado pelo CICV.
Estas são as primeiras entregas depois da 'Operación Jaque' em julho, na qual o Exército resgatou Ingrid Betancourt, além de três americanos e outros 11 reféns - um espisódio considerado um dos maiores reveses para a guerrilha, que completa 45 anos em maio. Uma vez concluída estas novas libertações, a principal guerrilha colombiana (de 7.000 combatentes, segundo o governo) manterá ainda cativos 22 oficiais e suboficiais da polícia e do exército.
Além do soldado e dos três policiais, o grupo de libertados inclui o ex-governador Alan Jara, sequestrado em 2001 e o ex-deputado regional de Valle del Cauca Sigifredo López, retido desde 2002. O ex-governador do Departamento de Meta Alan Jara, de 51 anos, foi sequestrado em 15 de julho de 2001, quando se deslocava em um veículo da ONU, junto com funcionários da entidade internacional. Após o sequestro, uma nota das Farc acusou Jara de ter ligações com paramilitares. O engenheiro civil foi governador em suas vezes e, durante seu trabalho como dirigente, dialogou em várias ocasiões com a guerrilha e grupos militares que atuavam na região.
Segundo a imprensa colombiana, os reféns libertados pelo grupo afirmam que o ex-governador dava aulas de inglês e russo aos companheiros reféns. Já Sigifredo López, de 45 anos, é o único sobrevivente do grupo de 12 deputados do departamento de Valle capturado pela guerrilha em abril de 2002. Seus 11 companheiros foram mortos em junho de 2007, executados por guerrilheiros após o encontro com um grupo inimigo “não identificado”, segundo o governo colombiano - ou atingidos pelo fogo cruzado, na versão das Farc. Segundo a imprensa colombiana, López estudou direito na Universidad Santiago de Cali, especializando-se na área penal. O ex-deputado foi capturado num ousado ataque à Assembleia, em pleno centro de Cali.